E quando menos estava à espera soube que estive a trabalhar com este estúpido vírus, mesmo ao meu lado.

É de facto um "bicho" (que não é bicho nenhum, cientificamente) silencioso e malandro.

Mas, mais silenciosa é a situação em que ficamos. Condenadas sem o ser e com sentimentos de culpa sem verdadeiramente a ter.


Parece que voltamos atras cerca de 150 anos, em alturas em que a lepra era considerada a "punição do pecado" e que o horror e o medo se instalava ao seu redor a ponto de levar os que a desenvolviam a serem abandonados e ostracizados por toda uma sociedade.


É uma situação bastante ingrata para quem o tem ou está em vias de o poder ter. Já para não falar na preocupação em relação ao estado de saúde propriamente dito.


Pela primeira vez na vida senti que as pessoas olharam para mim de uma forma que não vou conseguir nunca descrever.

Caramba, que sentimento horrível.


Mas há mais... e o de ter que fazer um teste de despiste e ficar a espera de um resultado, como se de uma cruz se tratasse?


Eu sei, são pequenas coisas, mas são pequenas coisas que mexem muitíssimo connosco.


O ficar em casa é o de menos, é mesmo uma alternativa agradável, longe dos olhos de um mundo que nos "repreende".


E a única coisa que me “aliviou” este sentimento e, assim só mais ou menos, foi quando cheguei ao sitio onde tinha que fazer o teste e estavam no local pessoas que, como eu, foram apanhadas nesta teia.


Não estava sozinha.