Neste período de confinamento o que mais tive foi formação. Não foi propriamente o manuseamento de uma câmara fotográfica que me levou a ela, mas sim todo um mundo por trás dela.
A avaliação da luz existente e a forma como se olha e vê o assunto, a sua relação com o meio onde está inserido, os sentimentos, as emoções que se quer passar para fora, a antecipação do acontecimento, a composição, a iluminação, a escolha, avaliação e edição, entre outras coisas igualmente relevantes nesta área tais como projectos fotográficos, conhecer outros fotógrafos e potenciais fotógrafos, tendências, historia da fotografia, outras artes, etc...
Quem vê uma imagem está longe de pensar no processo da sua criação, provavelmente porque é corriqueiro pegar num telemóvel, ir a aplicação câmara fotográfica e tocar no botão para a tirar. Mas fazer uma fotografia com Studium e Punctum (livro de ensaios de Roland Barthe, ” A Câmera clara”), vai mais longe, muito mais longe.
É ai que gostava e queria chegar, é para isso que trabalho e me esforço, que vejo e tento sentir, que treino e continuo a tentar.
Longe vai o tempo em que eu pensava que se dominasse a câmara, a fotografia que estava na minha cabeça sairia sem espinhas.
Quanto mais sei, mas sei que nada sei.
"Só sei que nada sei." (Sócrates)