Uma viagem de Comboio até ao Douro
Para começar é preciso dizer que foi uma decisão, não muito ponderada, de quem ama comboios combinado com outra que tem uma grande paixão por fotografia.
A pequena aventura começou na Gare do Oriente em Lisboa, num alfa que nos levou à Campanhã. A viagem decorreu calmamente, quase sem ninguém. Confortável e aprazível mesmo de mascara e em época de segundo desconfinamento Covid19.



Na Campanhã, mudamos de comboio para um Intercidades. Senti-me no antigamente. A máquina que o guiava parecia das antigas a carvão, enorme e cheia de vigor. As carruagens de passageiros tinham espaço entre as cadeiras, um corredor largo e a decoração ainda estava como eu me lembrava dos comboios da linha do Estoril nos anos 80 (mas em bom estado). O barulho não era igual ao Alfa, mas ao fim de 10 minutos já não era um problema. Muito poucas pessoas, as existentes simpáticas e acolhedoras. Houve um senhor que nos cedeu o seu lugar, porque conhecia o percurso e segundo ele, aquele lado seria o mais interessante. E como era verdade...









Ao fim de 45 minutos de caminho começamos a andar paralelos ao Rio Douro, a vista deslumbrante atraiu a nossa atenção até à chegada ao Pinhão.
O Pinhão é uma pequena vila portuguesa, com cerca de 648 habitantes, todos eles extraordinários e marcados por uma amabilidade e disponibilidade sem limites.
A Vila situa-se na margem norte do rio Douro e é o centro da região demarcada do Vinho do Porto.
Mal pisamos a plataforma, fomos invadidos por um cheirinho a flor de laranjeira que me é muito familiar, mas de outras terras, as do Alentejo e quando o comboio seguiu caminho, deixou livre a vista para a pequena estação da localidade. Linda!



É nesta freguesia que estão localizadas várias quintas produtoras de vinho generoso e nós ficamos numa delas, a Quinta da La Rosa.
Fomos os primeiros clientes após segundo confinamento, fomos recebidos com entusiasmo e muita esperança. As regras de higiene e saude publica fizeram-se cumprir quase sem darmos por isso e fomos conduzidos e um quarto, na casa antiga, virado para rio. Não podíamos ter ficado melhor.



Nos dias se que se seguiram fizemos vários programas entre eles uma visita guiada à Quinta do Seixo, da Sandman, outra à Quita das Carvalhas, um passeio de barco do Pinhão ao Tua, onde visitamos a Casa dos Cantoneiros e o Museu das Memórias do Vale e da Linha do Tua, almoçamos no restaurante Calça Curta, fizemos o percurso de comboio do Tua ao Pocinho.
Não esquecendo os jantares fantásticos, ao fim do dia, no restaurante da Quita de La Rosa, "Cozinha da Clara".
Em suma lavamos os olhos com paisagens bonitas e a alma com muitas actividades cheias de interesse histórico. Muito mais haveria a dizer, mas como tudo, o que vale é viver e sentir pessoalmente todas estas experiências.
Em dois dias foi o que se conseguiu e foi muito.
Regressamos outra vez de comboio e prometemos voltar a fazer o mesmo em altura de vindimas, onde segundo nos informaram existe muita azáfama e alegria.











