Uma viagem de Comboio até ao Douro


Para começar é preciso dizer que foi uma decisão, não muito ponderada, de quem ama comboios combinado com outra que tem uma grande paixão por fotografia.

A pequena aventura começou na Gare do Oriente em Lisboa, num alfa que nos levou à Campanhã. A viagem decorreu calmamente, quase sem ninguém. Confortável e aprazível mesmo de mascara e em época de segundo desconfinamento Covid19.

Gare do Oriente. Estação lindíssima, desenhada pela equipa de Santiago Calatrava e Andrés Caride. Situada em Lisboa.
A Gare do Oriente ou Gare Intermodal de Lisboa, Estação Ferroviária de Lisboa - Oriente
Estação de Concentração de Lisboa Oriente, é uma das interfaces ferroviárias e rodoviárias mais importantes de Lisboa

Na Campanhã, mudamos de comboio para um Intercidades. Senti-me no antigamente. A máquina que o guiava parecia das antigas a carvão, enorme e cheia de vigor. As carruagens de passageiros tinham espaço entre as cadeiras, um corredor largo e a decoração ainda estava como eu me lembrava dos comboios da linha do Estoril nos anos 80 (mas em bom estado). O barulho não era igual ao Alfa, mas ao fim de 10 minutos já não era um problema. Muito poucas pessoas, as existentes simpáticas e acolhedoras. Houve um senhor que nos cedeu o seu lugar, porque conhecia o percurso e segundo ele, aquele lado seria o mais interessante. E como era verdade...

Campanhã, estação ferroviária do Porto. Mascaras covid.
Campanhã é uma freguesia portuguesa do concelho do Porto
Campanhã, Porto, estação ferroviaria. Covid19. Mascaras que escondem a alma.
A CP – Comboios de Portugal leva-o a viajar rumo a vários destinos.
O que nos leva a viajar: conforto, a beleza do nosso pais, a conveniência, a família, os amigos, os negócios...
O "pica" como hoje carinhosamente chamamos. O “pica” ainda pica alguns bilhetes por graça, alerta os distraídos e ajuda.
P "pica" alerta os distraídos para o uso de máscara e acorda os dorminhocos na estação certa.
2021 é o Ano Europeu do Transporte Ferroviário - um meio confortável, rápido, sustentável e que nos liga a todos!
O comboio Miradouro que oferece as melhores vistas durante todo o ano.

Ao fim de 45 minutos de caminho começamos a andar paralelos ao Rio Douro, a vista deslumbrante atraiu a nossa atenção até à chegada ao Pinhão.

O Pinhão é uma pequena vila portuguesa, com cerca de 648 habitantes, todos eles extraordinários e marcados por uma amabilidade e disponibilidade sem limites.

A Vila situa-se na margem norte do rio Douro e é o centro da região demarcada do Vinho do Porto.

Mal pisamos a plataforma, fomos invadidos por um cheirinho a flor de laranjeira que me é muito familiar, mas de outras terras, as do Alentejo e quando o comboio seguiu caminho, deixou livre a vista para a pequena estação da localidade. Linda!

Estação do Pinhão, pequena Vila do norte de Portugal
Pinhao, estação ferroviaria da linha do douro. rodeada de agua e verde.
A nossa espera os taxistas da vila. O senhor Manuel, o mais animado e proativo, foi o eleito.

É nesta freguesia que estão localizadas várias quintas produtoras de vinho generoso e nós ficamos numa delas, a Quinta da La Rosa.

Fomos os primeiros clientes após segundo confinamento, fomos recebidos com entusiasmo e muita esperança. As regras de higiene e saude publica fizeram-se cumprir quase sem darmos por isso e fomos conduzidos e um quarto, na casa antiga, virado para rio. Não podíamos ter ficado melhor.

A Quinta de la Rosa é comprada para Claire (avó de Sophia) pela sua avó inglesa como presente de batismo. Vinho do Porto
reflexos do Rio Douro. Visto da Quinta da La Rosa, uma das mais antigas da zona.
Fomos recebidos com pompa e circunstância e com uma das melhores vistas para o rio Douro.

Nos dias se que se seguiram fizemos vários programas entre eles uma visita guiada à Quinta do Seixo, da Sandman, outra à Quita das Carvalhas, um passeio de barco do Pinhão ao Tua, onde visitamos a Casa dos Cantoneiros e o Museu das Memórias do Vale e da Linha do Tua, almoçamos no restaurante Calça Curta, fizemos o percurso de comboio do Tua ao Pocinho.

Não esquecendo os jantares fantásticos, ao fim do dia, no restaurante da Quita de La Rosa, "Cozinha da Clara".

Em suma lavamos os olhos com paisagens bonitas e a alma com muitas actividades cheias de interesse histórico. Muito mais haveria a dizer, mas como tudo, o que vale é viver e sentir pessoalmente todas estas experiências.

Em dois dias foi o que se conseguiu e foi muito.

Regressamos outra vez de comboio e prometemos voltar a fazer o mesmo em altura de vindimas, onde segundo nos informaram existe muita azáfama e alegria.